quinta-feira, outubro 28, 2010

O sonho do PSDB é ser o PT

Reinaldo Azevedo, por exemplo, já começou a perceber:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/grande-noticia-do-dia-quase-ignorada-pela-imprensa-oudeixando-se-pautar-pelo-adversario/

Campanha eleitoral
O eleitor que não é de São Paulo não sabe: uma das teclas na qual o candidato do PT ao governo do estado, Aloizio Mercadante, derrotado no primeiro turno, bateu muito foi justamente a segurança pública — que, para ele, estava fora de controle. Até Marina Silva chegou a dizer algo parecido!!! Dilma Rousseff, e isso todo mundo sabe, também é uma crítica severa da política do PSDB na área. Vale dizer: de maneira organizada, sistemática, o PT ataca o que inequivocamente funciona. Há algum tempo, andei me estranhando com um medalhão da Faculdade de Direito da USP, igualmente petista, que andou dizendo besteiras a respeito. Falarei dele em outro post.

Sim, eu acho, sim, que os tucanos são ruins de propaganda pra caramba. Essa questão nem mesmo foi para o horário eleitoral de Serra — e já não tinha sido usada na de Geraldo Alckmin, em 2006. É que alguns bocós consideram que lidar com essas coisas tira o caráter, digamos, “progressista” dos candidatos. Há três eleições, a marquetagem tucana é feita para tentar ganhar votos da esquerda, que, não obstante, votará no PT. O homem comum, esse que anda na rua, que quer segurança pública eficiente, acaba ignorado. Lei e ordem são coisas “de direita”, dizem os colunistas de clichês.

As pesquisas todas apontam que o PSDB perderá a eleição no domingo. Pode ser. Se acontecer, muitas razões poderão ser apontadas (não se joga sozinho, por exemplo), mas uma delas disputa o primeiro lugar nas motivações: a vergonha que os tucanos têm de exaltar os próprios feitos, deixando-se pautar pela agenda do adversário.


Se deixam pautar porque concordam com a agenda! Esse é o ponto...

Tudo o que os tucanos gostariam é que eles fossem "O" partido de esquerda, tendo o PT como sua ala mais "progressista", e houvesse um partido conservador contra quem eles disputassem eleições e alternassem governância. Eles se sentem desconfortáveis em ter que assumir o outro papel, porque o espaço que eles querem já está tomado pelo PT.


A poucos dias saiu uma entrevista com Almino Affonso no Valor Econômico que toca nas raízes comuns entre o PSDB e o PT. E, parece, há muitos "affonsos" que ficaram no partido e encontram-se entre os cardeais do tucanato. São esses que impedem o partido de se "conservadorizar" e se tornar uma real alternativa dita de direita no país, aproximando-se daquela parcela do eleitorado alijada da disputa eleitoral por não ter identificação política com candidato nenhum (no máximo, eles encontram uma identificação afetiva nalgum líder carismático).

Dos Democratas, quem deveria ter aproveitado o nicho, não se pode esperar nada. Depois da guinada à esquerda que a própria mudança de nome caracteriza, o partido tornou-se mera ala do PSDB com certa independência e legenda própria, porém completamente acéfalo.