quarta-feira, janeiro 03, 2007

ETA voltou a agir na Espanha

No final do ano passado, um furgão-bomba explodiu destruindo o Terminal n.° 4 do Aeroporto de Barajas, em Madrid. O ETA assumiu o atentado, decretando o fim do cessar-fogo garantido em março. A ação resultou em dois mortos e pelo menos 19 feridos.

As repercussões políticas foram imediatas. Os governistas tentam equiparar ao que houve em 1998, quando o ETA rompeu outro acordo de paz, só que durante o governo Aznar (Partido Popular). Ora, a partir dali o PP determinou que, se dependesse dele, não haveria mais conversa. Agora, o governo do Partido Socialista Operário Espanhoa (PSOE) afirma ter sido igualmente surpreendido após retomada das negociações.

Como assim, "igualmente"?! Não aprendem com experiências alheias?!

O pior é ver, ainda, o PSOE reclamando que o PP, ao invés de ajudar, está a tentar favorecer-se politicamente com a tragédia. E as últimas eleições, em que o atentado no metrô de madrid decidiu a eleição em favor dos socialistas? Só vale para um lado?!

Pelo menos, o Ministro do Interior já declarou que estão rompidas as negociações. Zapatero, o presidente, falara em "suspensas".

Melhor agora...

Um amigo escreveu uma pequena fábula que deve servir de ensinamento a todas as autoridades daqui em diante:

O Sapateiro e o Escorpião, por Jorge Santana

Era uma vez um sapateiro que sonhava em ir muito além das chinelas. Queria ser Rei de Espanha. Sonho impossível, não fosse por uma dessas voltas que a vida dá.

Andando por uma ruazinha escura, ele tropeçou numa lamparina. Curioso, abaixou, pegou a coisa e a esfregou. Imediatamente, fez se ouvir um estrondo, como se fossem trens explodindo. Ato contínuo, um terrorista saiu da lamparina e lhe prometeu:

- Rei não dá pé, meu amo, mas primeiro-ministro, com certeza, te faço!

E a promessa se cumpriu: o terrorista mandou alguns trens pelos ares e o sapateiro tomou posse do seu país. Mas como não era muito inteligente, generalizou. Passou a ver em todo terrorista um gênio disposto a alavancar sua carreira. Daí que tratou de esticar tapetes vermelhos para todos os que encontrou pela frente.

Mas como, na verdade, terrorista é que nem escorpião, meio que de surpresa, o sapateiro foi bombado. Mostrando sua verdadeira índole, os protegidos do primeiro-ministro explodiram seu governo.

Doravante, restará ao sapateiro passar noites perambulando pelos becos escuros de sua alma à procura de outra lamparina.

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Grande Paulo,

"Só vale para um lado?!". Não, claro que não, vale para os dois lados. Oportunismo político tanto serve à esquerda como à direita. Mas o que, talvez, tenha eleito o PSOE (ia levar uma surra do PP, já que o governo Aznar tinha feito uma boa gestão) não tenha sido o atentado propriamente dito e sim a mentira cabeluda do PP, jogando a culpa no ETA (afora o apoio à guerra contra as microscópicas armas de destruição em massa do Iraque). Erro monumental de Aznar, convenhamos - governo bom, mas mentiroso, perde eleição. Porém, não se preocupe, o PP volta ao poder: afinal, lá tem alternância de poder. E o PSOE, com Zapatero, não é lá essas coisas...

abração

04 janeiro, 2007 15:51  
Blogger San Tell d'Euskadi said...

Artur,

Obviamente que não apóio oportunismo político, mas ele é inevitável. Aznar apoiou incondicionalmente a G.B. e os EE.UU. durante seu governo, no episódio do Iraque não foi diferente. Questão de política externa. Houvesse ou não AA.D.M. - ou a desculpa - no Iraque, ele iria do mesmo jeito.

Quantos ao atentado ao metrô de Madrid, Aznar, na hora, disse que tera sido obra do ETA. É evidenmte que ele se precipitou. Mas, não duvides se os meus patrícios não emprestaram o seu savoir-faire aos muçulmanos.

Não sei como anda o governo Zapatero, mas tenho a impressão que a Espanha estagnou e perdeu um pouco da importância que tinha no cenário europeu e mundial.

Um abraço.

P.S.: Avisa ao Gerrá que está tudo muito parado em Porto Alegre, mas sigo na busca de informação sobre as ouvidorias.

04 janeiro, 2007 16:40  
Anonymous Anónimo said...

Paulo,

explique isso: "Mas, não duvides se os meus patrícios não emprestaram o seu savoir-faire aos muçulmanos"

Teu sobrenome é basco? Ou entendi errado? Você não é indo-europeu?! Sanchotene é, na verdade, San tell d'euskadi?

Mudando de assunto, dia 9 haverá reunião do conselho deliberativo do Santinha, tendo como pauta o estatuto e suas futuras mudanças. Espero que toda aquela discussão não tenha sido em vão...

abração

05 janeiro, 2007 02:16  
Anonymous Anónimo said...

Perro, de onde vc tirou que governo mentiroso perde eleição? Daí de Pernambuco, que deu 77% ao Lulla, é que não foi...

05 janeiro, 2007 03:43  
Blogger San Tell d'Euskadi said...

Artur,

Sim, TELLechea e SANchotene são sobrenomes bascos, daí o pseudônimo do blogue.

05 janeiro, 2007 06:23  
Anonymous Anónimo said...

pinochet, garrastazu, bordaberry tb são bascos. precisamos logo resolver esta pendência nacional na espanha - minha dividir o país em postas - pra tocar esses bascos em cima do bin laden. em um ano eles acabam com a alcaeda.

05 janeiro, 2007 09:08  
Anonymous Anónimo said...

Grande San,

devia ter relativizado, é claro. Devia ter dito: algumas vezes nas Oropas, governo que mente perde eleição; na terrinha, é outro papo. Lula foi eleito porque nunca neste país teve um governo tão bom (hehe...). Mente, mas faz! Os pernambucanos têm uma sensibilidade política impressionante. Lembre-se de Frei Caneca. Gostamos muito, também, de rapadura, embora não tenha pesquisa alguma que faça uma correlação positiva entre rapadura e politização.

Paulo, você é basco e não é revolucionário? Curioso... O primeiro basco neocon que conheço. Será que foi efeito do uso constante daquela bebida alucinógena, o chimarrão?

05 janeiro, 2007 09:22  
Blogger San Tell d'Euskadi said...

Artur,

É óbvio que sou revolucionário! Só quem em vez de socialista, libertário. Quando nos conhecemos, eu não só tinha solução para TODOS os problemas do mundo, como achava que o Brasil teria que começar do zero. Hoje, mais maduro, acredito não ter a solução para os problemas do mundo...

Agora, é verdade, estou me "conservadorizando". Inclusive, tenho um pé no cristianismo católico - falta-me coragem de compromisso para por o segundo. Ainda acredito na economia de mercado, na liberdade como valor, na subsidiariedade, na moral, na soliedariedade espontânea e com o dinheiro próprio.

Mas sigo estudando.

iiY si hay gobierno, soy contra!!

05 janeiro, 2007 10:07  
Anonymous Anónimo said...

Penso que a radicalização do liberalismo político leva ao que se chama de "libertário". Coloquei entre aspas porque "libertário" também vem de uma outra radicalização política: o anarquismo. Pode-se fazer uma boa tese, estudando as aproximações entre o anarquismo e a radicalidade liberal; ou outra: radicalismo liberal e conservadorismo; ou ainda: radicalização liberal e cristianismo. Vejo isso, em parte, em Reinaldo Azevedo, Olavo Carvalho (embora aqui "libertário" seja forçar um pouco a barra) e Rodrigo Constantino. Considero tais posições interessantes (exceto, talvez, Olavo carvalho, um tanto quanto paranóicas), pois é um novo conservadorismo (neocon) que incorpora valores democráticos (claro, ideologicamente, estou no mesmo barco, mas na popa e não na proa - hehe...) - o conservadorismo brasileiro confundia-se estritamente com posições de direita e tinha uma dificuldade histórica em ser republicano e democrático (defendia o liberalismo econômico com ardor e se esquecia do liberalismo político). Vale frisar que os neocons sairam na frente, pois a esquerda, até hoje, está com uma dificuldade imensa de se reciclar - incorporar definitivamente valores republicanos e democráticos, e parar de babar na frente de Fidel, por exemplo.

abração

05 janeiro, 2007 12:07  
Anonymous Anónimo said...

Quiuspa! O Brasil tem solução! Perrusi era o cara que faltava. Fechamos a trinca: um neocon basco-riograndense, um libertário da popa, s. t., e eu, único anarco-social-democrata-lbertário que conheço. Falta nosso D'Artagnan, digo, Don Gil y Gil largar essa tranqueira sindical e se juntar a nós para começarmos a revolução. Ou será melhor, em vez de revolução, tomarmos ums cervejotas geladas e deixar a mainstream levar tudo na boa?

05 janeiro, 2007 22:02  

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