A noite em que fui barrado
Na quinta-feira, mesmo sendo sócio do Grêmio, com duas cadeiras em meu nome, fiquei do lado de fora do Olímpico. Cheguei no estádio quando todos os portões estavam fechados, e a Polícia Montada fazia guarda no pátio da Social do Olímpico, em pleno Largo dos Campeões. Na mesma situação que eu havia milhar de pessoas. Não tive dúvidas: meia-volta e rumo à casa. Não fiquei por lá nem cinco minutos. Demorei para entender o que houve. Pelo que vi e ouvindo as partes envolvidas, acho que é possível concluir algumas coisas.
Eu já imaginava que as direções vendiam os ingressos contando com um percentual de sócios que viriam. Aí, vem a mais, e o estádio tem superlotação. Quando falo em "direções", penso também no Internacional. Afinal, houve problema semelhante na final da Sul-Americana do ano passado. Na quinta, como fecharam inclusive as cativas -algo como fechar o portão das perpétuas no Beira-Rio-, imaginei que o problema pudesse ter sido outro. Pela versão da Brigada, dada na sexta pelo comandante, parece que não. Mas isso seria só um dos fatores de quinta. E a versão do Grêmio caminha também nesse sentido.
O torcedor do Grêmio, como sempre, começou a entrar e se alojar nos lugares que mais lhe apraz. Há, evidentemente, portões mais populares que outros. Logo, setores da arquibancada e da social lotaram, mas não a arquibancada ou a social em si. A solução óbvia era fechar esses portões e conduzir os torcedores a outros, mas não. Fecharam as entradas sem nenhuma informação, nenhum encaminhamento. Claro que a massa se enervou e partiu para o confronto. Se tem ingresso, como vai ficar de fora? A BM, mal vista e mal paga, possivelmente já irritada com a confusão entre as torcidas, reagiu; pelo que a confusão se espalhou. Começou o "corre, corre" e as pessoas passaram a tentar entrar por qualquer lugar. Qual a brilhante solução adotada? O clássico bopeano ‘Não vai subir ninguém!’, e mandaram fechar tudo.
Ora, quem tinha direito de entrar e não pôde, se indignou e se uniu aos baderneiros -sempre há aqueles que só querem uma desculpa para criar confusão. Ficou impossível distinguir quem tinha razão e quem não tinha. Infelizmente, a única medida possível, quando a polícia se defronta com esse tipo de situação, é "dar pau" em todo mundo até as coisas acalmarem. O melhor a fazer é ir embora; exatamente o que fiz.
Nesse jogo de empurra-empurra de responsabilidades entre o clube e a Brigada, obviamente ninguém tem razão, mas o clube ainda menos. O torcedor e, principalmente, o sócio só precisam de respeito, nada mais. Afinal, os estádios são sujos, mal cuidados, desconfortáveis, com péssimo serviço, e o ingresso ainda é extremamente caro. Vale muito mais a pena ir ao cinema, jogar sinuca ou, simplesmente, ficar em casa. Os clubes não podem somente achar que o amor do trocedor é suficiente. Eles têm que dar algo em troca; caso contrário, quando realmente precisarem de apoio, não o terão.
O fato é que na quinta-feira ficou provado que as coisas, tanto no Olímpico quanto no Beira-Rio, simplesmente acontecem. Não há o menor planejamento; é pura sorte. Os clubes e a Brigada praticam "roleta russa". Um dia, o cão encontra a bala, e a arma dispara.
Foi nessa quinta...
Eu já imaginava que as direções vendiam os ingressos contando com um percentual de sócios que viriam. Aí, vem a mais, e o estádio tem superlotação. Quando falo em "direções", penso também no Internacional. Afinal, houve problema semelhante na final da Sul-Americana do ano passado. Na quinta, como fecharam inclusive as cativas -algo como fechar o portão das perpétuas no Beira-Rio-, imaginei que o problema pudesse ter sido outro. Pela versão da Brigada, dada na sexta pelo comandante, parece que não. Mas isso seria só um dos fatores de quinta. E a versão do Grêmio caminha também nesse sentido.
O torcedor do Grêmio, como sempre, começou a entrar e se alojar nos lugares que mais lhe apraz. Há, evidentemente, portões mais populares que outros. Logo, setores da arquibancada e da social lotaram, mas não a arquibancada ou a social em si. A solução óbvia era fechar esses portões e conduzir os torcedores a outros, mas não. Fecharam as entradas sem nenhuma informação, nenhum encaminhamento. Claro que a massa se enervou e partiu para o confronto. Se tem ingresso, como vai ficar de fora? A BM, mal vista e mal paga, possivelmente já irritada com a confusão entre as torcidas, reagiu; pelo que a confusão se espalhou. Começou o "corre, corre" e as pessoas passaram a tentar entrar por qualquer lugar. Qual a brilhante solução adotada? O clássico bopeano ‘Não vai subir ninguém!’, e mandaram fechar tudo.
Ora, quem tinha direito de entrar e não pôde, se indignou e se uniu aos baderneiros -sempre há aqueles que só querem uma desculpa para criar confusão. Ficou impossível distinguir quem tinha razão e quem não tinha. Infelizmente, a única medida possível, quando a polícia se defronta com esse tipo de situação, é "dar pau" em todo mundo até as coisas acalmarem. O melhor a fazer é ir embora; exatamente o que fiz.
Nesse jogo de empurra-empurra de responsabilidades entre o clube e a Brigada, obviamente ninguém tem razão, mas o clube ainda menos. O torcedor e, principalmente, o sócio só precisam de respeito, nada mais. Afinal, os estádios são sujos, mal cuidados, desconfortáveis, com péssimo serviço, e o ingresso ainda é extremamente caro. Vale muito mais a pena ir ao cinema, jogar sinuca ou, simplesmente, ficar em casa. Os clubes não podem somente achar que o amor do trocedor é suficiente. Eles têm que dar algo em troca; caso contrário, quando realmente precisarem de apoio, não o terão.
O fato é que na quinta-feira ficou provado que as coisas, tanto no Olímpico quanto no Beira-Rio, simplesmente acontecem. Não há o menor planejamento; é pura sorte. Os clubes e a Brigada praticam "roleta russa". Um dia, o cão encontra a bala, e a arma dispara.
Foi nessa quinta...
8 Comments:
Prezado San,
Antes de mais nada, sou colorado e sou dirigente do Internacional.
Mas um apaixonado por futebol e costumo ler diversos blogs, entendo que todos os dirigentes deveriam ouvir os que os torcedores dizem.
Sobre seu texto, é uma pena os acontecimentos, tenha certeza que torço contra os 11 dentro do campo, jamais desejo brigas e violência.
Gostaria apenas de esclarecer que na final da Copa Sul-Americana o que aconteceu no Beira-Rio não foi o mesmo caso.
Lá no Beira-Rio houve tentativa de invasão de pessoas sem ingresso, pessoas ligadas a uma das torcidas organizadas. Diferente do caso do Olímpico que era torcedor com ingresso.
Nesta data contra o Estudiantes, tivemos que fechar os portões por causa da tentativa de invasão e prejudicamos apenas 25 sócios que tinham ingressos e não conseguiram entrar. Estes todos ressarcidos.
Contra o Corinthians se repetiu a tentativa de invasão, mas tinhamos aprendido a lição e tinhamos vários controles para se aproximar das catracas somente os torcedores com ingressos, assim conseguimos fazer um jogo de 50 mil pessoas com todos dentro do estádio e sem ninguém entrar atrasado.
Te recomendo a aceitar as imperfeições que o teu clube tem. O futebol brasileiro é complicadíssimo administrar, estamos muito longe dos europeus. E a melhor ajuda que pode ter é escrevendo para a Ouvidoria do Clube e detalhando o ocorrido. Muitos pensam que os dirigentes não leem as mensagens da Ouvidoria, mas leem mesmo e muitos dos acertos nos jogos posteriores é por causa da contribuição do torcedor.
Abraços,
Alexandre Limeira
Diretor de Administração
Sport Club Internacional
Sancho, tua denúncia, em relação aos fatos de 5a feira, é exata e perfeita. Agora, sobre o atual estado de coisas no Internacional, preciso assinar embaixo do comentário do Alexandre. Na parte administrativa estamos dando exemplo ao Brasil e ao Mundo. Está de parabéns a turma do meu amigo pessoal Decio Hartmann que há algum tempo não permite episódios lamentáveis como estes dentro do Gigante. 4a. feira fiquei impressionado com o número de torcedores no pátio (cheguei ao estádio por volta de 18h). cheguei a temer por alguma confusão, mas tudo correu as mil maravilhas. neste ponto o INTERNACIONAL está de parabéns.
Prezado Sr. Limeira,
Respoderei às suas pertinentes colocações oportunamente. Agora, deixo apenas manifestação de um conhecido meu, colorado como você:
"..., [E]u por exemplo fiquei de fora da final da Sul-Americana, e sou sócio desde 2006 (entrada livre)."
Até por isso, que citei o Internacional no meu relato sobre quinta-feira; não foi por um ridículo "grenalismo".
Um abraço.
Sancho, eu fiquei FURIOSO ao ver que tinha um monte de gente impedida de entrar no estádio com AMPLA sobra de lugares lá dentro.
Nos portões 1 e 5, de fato, não havia mais capacidade disponível. Porém, na inferior com entrada pela Av. Carlos Barbosa e, principalmente, nas cadeiras, tinha MUITO espaço. Fico abismado que tu não tenhas conseguido entrar nas CADEIRAS, acho algo inconcebível.
Me parece que o Grêmio terá que adotar as medidas que o SC Internacional já está adotando de exigir a confirmação antecipada da presença de seus sócios, para evitar transtornos como os de quarta-feira.
Lamento muito pela tua experiência. Lamento também que o clube perderá sócios por causa deste episódio - e não posso tirar-lhes a razão.
A dura verdade é que a eleição no Grêmio teve um resultado diferente da lógica, que era a da manutenção da situação. A entrada da oposição está mostrando-se um grande erro, pela falta de experiência administrativa da equipe que dirige o nosso clube. O amadorismo impera, em tempos que não aceitam mais este comportamento.
Abraço!
Essa é mais uma coisa em que nossa direção peca. Enviei 2 e-mails para nossa ouvidoria relatando o que aconteceu. Assim como já havia enviado muitos outros em outras oportunidades.
Mas NUNCA fui respondido com nada além de "estamos ecaminhando seu e-mail para o setor responsável".
Acredito que o "setor responsável" seja o lixo.
só falta o sancho nos chamar de racistas...COLORADO É DE OUTRA PRAIA , VIU?
Já chamei, Anônimo!
"... inclusive, no caso do colorado que não aceita o apelido por ser coisa de 'negro'..." (em O Macaco no Maior Clássico do Sul do País)
E não fui só eu:
"eu presenciei um ato racista no Beira-Rio em 2002.
Inter X Santos, Copa do Brasil. Cléber, o zagueiro, foi expulso. Dois caras começaram a gritar 'uh, uh, uh' e xingar o cara como 'macaco'.
O mais engraçado é que meu irmão e eu tínhamos sido vítimas de preconceito pela polícia minutos antes de entrar no estádio. Estávamos acompanhados de uns seis caras, todos brancos – pegamos carona com eles – mas dois policiais nos pararam para revistar. Apenas a mim e ao meu irmão. Eu tinha cabelo rastafari, meu irmão é negro. Perguntaram até de onde vínhamos, para saber se 'podiam nos deixar entrar no estádio'.
Pois bem. Os dois caras começaram a fazer aquilo e nós paramos de olhar o jogo e ficamos encarando eles..." (Luís Felipe dos Santos, colorado, no comentário n.º 89)
Buenas, Anônimo, esconder-se no anonimato não lhe priva de falar asneiras...
Tem gente entrando no mole, pagando a metade e passando por fora da roleta.Isto já esta ocorrendo a muito tempo; mas a bomba já esta etourando.
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