O "Macaco" no Maior Clássico do Sul do País
Os torcedores do Internacional são conhecidos como os "Macacos" pelos adeptos do Grêmio. Muito discute-se, neste mundo politicamente correto, se isso é racismo; seja explícito ou velado. Creio que não. Podem dizer que digo isso por ser gremistas. Contudo, o ramo da família de minha mãe são todos vermelhos e, pois, sou filho de "macaco" e vivo bem com isso. Sinceramente, não vejo diferença no apelido aos consagrados "Gallina", do River; "Bostero" do Boca; "Porco" do Palmeiras; e "Manya(Mierda)", do Peñarol; por exemplo. Claro que a origem do apelido é pejorativa, mas de todos esses outros citados também o são. O "Macaco" possuía conotação "racial"; não, mais.
Creio que tal apelido só tenha ganho força, mesmo, na década de 1940. Isso, apesar de o Internacional, já a partir dos anos '20, passar a aceitar negros e mulatos no time. Ninguém sabe ao certo quando surgiu e quando se consolidou tal alcunha, mas tenha a intuição de que ela está atrelada à supremacia Colorada no futebol gaúcho com o início do profissionalismo "à vera". Imagino que o apelido tenha vindo juntamente com o histórico "Rolo Compressor", os títulos do Internacional e o epíteto "Clube do Povo". Tudo isso ocorreu ao mesmo tempo em que o futebol se consolidou como o "passatempo das massas" no país; e o Rio Grande não foi exceção. O Inter era o melhor time e contava, em seus quadros, com jogadores "mulatos" e "negros" (o Grêmio, mesmo, não chegava a ser totalmente de "brancos", pois aceitava "bugres" e "índios", como Lara). Ora, como a camada mais pobre do povo sempre foi formada, em sua maioria, por descendentes de escravos, a identificação entre ela e o clube foi imediata; e o apelo emocional do "nós podemos vencer" foi tão forte quanto evidente.
Provavelmente, alguns gremistas racistas e recalcados (obviamente que não eram, não são e nunca serão todos; sequer, maioria) tascaram o apelido de "macaco" aos torcedores do Internacional como forma de desforra pelas incessantes derrotas que o Colorado lhes proporcionava. Entretanto, tal apelido ignorou e mascarou um pequeno, porém presente, grupo de torcedores do Grêmio das camadas mais pobres e, quase como via de regra, de "negros" e "mulatos"; a começar pelo próprio torcedor-símbolo do clube: Lupicínio Rodrigues. Aliás, Lúpi (Lupe) teria se tornado gremista por um episódio envolvendo o clube do seu pai - apenas de "mulatos" (para ver como eram as sutilezas da época) - cuja inscrição na Federação foi vetada pelo Internacional, que sequer dignou-se, posteriormente, a ceder jogadores para a disputa de um amistoso contra esse time. Teria sido um ato de racismo por parte do Internacional? O que sei é que, por esse fato, os membros e torcedores do Rio-Grandense passaram a torcer pelo Grêmio, em represália. Portanto, da mesma forma em que havia "brancos" colorados, também havia "negros" e "mulatos" gremistas quando surgiu o "macaco" no futebol gaúcho.
Para afastar a conotação racial do "macaco", pesa o fato de o Grêmio romper a barreira contra "negros" (há relatos de que "mulatos claros", tipo Barack Obama, Lewis Hamilton ou Tiger Woods, já jogavam no clube) com a chegada do Tesourinha, em 1953. E, a partir de 56, com uma sucessão de timaços que lhe rendeu a hegemonia estadual por 13 anos, o Grêmio conseguiu tornar-se tão "popular" quanto o Inter e também conquistar muitos adeptos nas camadas mais pobres (conseqüentemente, entre "negros" e "mulatos"). Assim, já na década de '50, os dois clubes passaram a disputar cada coração, de cada torcedor, de cada família, de cada credo, de cada faixa social, de cada cor de pele, sem qualquer distinção possível. Desde aí, o estigma de "macaco" perdera todo o sentido. Se os torcedores do Internacional não eram mais "negros" que os do Grêmio, e se os jogadores do Grêmio não eram mais "brancos" que os do Colorado, então, por que eles são os "macacos"? Não há resposta para essa pergunta dentro de um contexto "racial". O "macaco" continuava lá, mas sem qualquer relação com sua raison-d'être inicial.
Hoje, um gremista considerado "negro" por algum critério pseudo-científico-cultural qualquer estabelecido pelo nosso "Ministério da Igualdade Racial" não é "macaco"; em compensação, um colorado albino o é. O que diferencia não é a cor da pele, mas da camisa! Futebolisticamente falando, na relação entre Grêmio e Internacional, "macacos" são VERMELHOS. Prova disso? Os próprios colorados gritam: "Ah! Eu sou macaco!". A Camisa 12, organizada do clube, tem um bandeirão com um gorila colorado. Há uma outra organizada chamada MA.CA.CO.. E os gremistas são racistas, quando os chamam de "macacos"?! Há um hialino exagero histérico nisso. Não há racismo no "macaco". Não pode haver; pelo menos, não em regra. Pode haver no caso particular - inclusive, no caso do colorado que não aceita o apelido por ser coisa de "negro" -, jamais de forma geral; o que já invalida a tese de racismo no apelido em si.
Tal transformação ocorreu já nas décadas de 50/60, mas como estamos numa época politicamente correta e de revisionismos forçados, a tese de racismo voltou com força. É tão ridículo quanto achar que o Grêmio é um clube fascista e o Inter é um clube comunista. Não faz qualquer sentido, mas tem gente que acredita.
Creio que tal apelido só tenha ganho força, mesmo, na década de 1940. Isso, apesar de o Internacional, já a partir dos anos '20, passar a aceitar negros e mulatos no time. Ninguém sabe ao certo quando surgiu e quando se consolidou tal alcunha, mas tenha a intuição de que ela está atrelada à supremacia Colorada no futebol gaúcho com o início do profissionalismo "à vera". Imagino que o apelido tenha vindo juntamente com o histórico "Rolo Compressor", os títulos do Internacional e o epíteto "Clube do Povo". Tudo isso ocorreu ao mesmo tempo em que o futebol se consolidou como o "passatempo das massas" no país; e o Rio Grande não foi exceção. O Inter era o melhor time e contava, em seus quadros, com jogadores "mulatos" e "negros" (o Grêmio, mesmo, não chegava a ser totalmente de "brancos", pois aceitava "bugres" e "índios", como Lara). Ora, como a camada mais pobre do povo sempre foi formada, em sua maioria, por descendentes de escravos, a identificação entre ela e o clube foi imediata; e o apelo emocional do "nós podemos vencer" foi tão forte quanto evidente.
Provavelmente, alguns gremistas racistas e recalcados (obviamente que não eram, não são e nunca serão todos; sequer, maioria) tascaram o apelido de "macaco" aos torcedores do Internacional como forma de desforra pelas incessantes derrotas que o Colorado lhes proporcionava. Entretanto, tal apelido ignorou e mascarou um pequeno, porém presente, grupo de torcedores do Grêmio das camadas mais pobres e, quase como via de regra, de "negros" e "mulatos"; a começar pelo próprio torcedor-símbolo do clube: Lupicínio Rodrigues. Aliás, Lúpi (Lupe) teria se tornado gremista por um episódio envolvendo o clube do seu pai - apenas de "mulatos" (para ver como eram as sutilezas da época) - cuja inscrição na Federação foi vetada pelo Internacional, que sequer dignou-se, posteriormente, a ceder jogadores para a disputa de um amistoso contra esse time. Teria sido um ato de racismo por parte do Internacional? O que sei é que, por esse fato, os membros e torcedores do Rio-Grandense passaram a torcer pelo Grêmio, em represália. Portanto, da mesma forma em que havia "brancos" colorados, também havia "negros" e "mulatos" gremistas quando surgiu o "macaco" no futebol gaúcho.
Para afastar a conotação racial do "macaco", pesa o fato de o Grêmio romper a barreira contra "negros" (há relatos de que "mulatos claros", tipo Barack Obama, Lewis Hamilton ou Tiger Woods, já jogavam no clube) com a chegada do Tesourinha, em 1953. E, a partir de 56, com uma sucessão de timaços que lhe rendeu a hegemonia estadual por 13 anos, o Grêmio conseguiu tornar-se tão "popular" quanto o Inter e também conquistar muitos adeptos nas camadas mais pobres (conseqüentemente, entre "negros" e "mulatos"). Assim, já na década de '50, os dois clubes passaram a disputar cada coração, de cada torcedor, de cada família, de cada credo, de cada faixa social, de cada cor de pele, sem qualquer distinção possível. Desde aí, o estigma de "macaco" perdera todo o sentido. Se os torcedores do Internacional não eram mais "negros" que os do Grêmio, e se os jogadores do Grêmio não eram mais "brancos" que os do Colorado, então, por que eles são os "macacos"? Não há resposta para essa pergunta dentro de um contexto "racial". O "macaco" continuava lá, mas sem qualquer relação com sua raison-d'être inicial.
Hoje, um gremista considerado "negro" por algum critério pseudo-científico-cultural qualquer estabelecido pelo nosso "Ministério da Igualdade Racial" não é "macaco"; em compensação, um colorado albino o é. O que diferencia não é a cor da pele, mas da camisa! Futebolisticamente falando, na relação entre Grêmio e Internacional, "macacos" são VERMELHOS. Prova disso? Os próprios colorados gritam: "Ah! Eu sou macaco!". A Camisa 12, organizada do clube, tem um bandeirão com um gorila colorado. Há uma outra organizada chamada MA.CA.CO.. E os gremistas são racistas, quando os chamam de "macacos"?! Há um hialino exagero histérico nisso. Não há racismo no "macaco". Não pode haver; pelo menos, não em regra. Pode haver no caso particular - inclusive, no caso do colorado que não aceita o apelido por ser coisa de "negro" -, jamais de forma geral; o que já invalida a tese de racismo no apelido em si.
Tal transformação ocorreu já nas décadas de 50/60, mas como estamos numa época politicamente correta e de revisionismos forçados, a tese de racismo voltou com força. É tão ridículo quanto achar que o Grêmio é um clube fascista e o Inter é um clube comunista. Não faz qualquer sentido, mas tem gente que acredita.
13 Comments:
1. bom o texto.
2. essa história do Riograndense é lenda. obviamente que o Internacional, um clube democrático desde o berço, e universal desde o registro dos Estatutos, jamais se oporia à filiação de outro clube por motivos étnicos.
3. o gremio segue, até hoje, um clube racista e elitista, apesar de contar com negros em suas fileiras (eu gostaria é de saber o porque de essa gente torcer para o gremio?!?!?!)... quando chamam os Colorados de "macaco" há sim tom pejorativo, isso é evidente, só não vê quem não quer.
4. o torcedor Colorado, é claro, tem orgulho de se denominar "macaco", porque, repito, é universal desde o registro dos Estatutos.
saudacões rubras, Portinho.
Porto,
1. Obrigado.
2. Não se trata de lenda. É fato. O que não se sabe é o porquê da birra do Internacional com o Riograndense. Não te esqueças, Porto, que o primeiro "negro" apareceu nos Eucaliptos uma década depois da Fundação do Internacional.
3. Não. Isso que dizes é falácia (além de calúnia, não?). O Grêmio é tão elitista quanto o Internacional. Os conselhos de ambas as agremiações sempre foram formados pela NATA da sociedade gaúcha e os torcedores de ambos dividem-se entre todas as camadas sociais. Porto, para um gremista, "Macaco" e "Colorado" podem ser termos pejorativos, mas apenas por referirem-se ao Sport Club Internacional. Assim como "Gremista" pode ser pejorativo para um colorado por referir-se ao Grêmio. Não há racismo; é só futebol.
4. Ata é "carta de intensões", os atos provam mais que palavras. E como eu disse, levou MAIS DE DEZ ANOS para um jogador "de cor" envergar a jaqueta do SCI. E não foi por falta de "negro" bom de bola...
Um abraço.
A história do RioGrandense foi esclarecida pelo historiador colorado Raul Pons recentemente. Em primeiro lugar, o Riograndense não se proclamava como clube de negros, e sim de "mulatos" - tentando, assim, esmaecer o rótulo de clube periférico. Isto causava problemas com os clubes de comunidades negras, que muitas vezes excluíam o Riograndense de suas reuniões e atos conjuntos.
O livro escrito pelo filho de Lupicínio é baseado em memórias, o que deixa claras as incorreções históricas. Não existe qualquer menção escrita de discriminação racial por parte do Internacional contra o Riograndense. Antes da suposta exclusão do Riograndense da liga por motivos racistas, o clube emprestava seu estádio para jogos das "Ligas da Canela Preta" sem nenhum problema. Raul tem outros registros de iniciativas anti-racistas do Internacional anteriores à 1950, mas eu não lembro de todas elas aqui - tem um artigo dele circulando por aí, quando encontrá-lo mando.
Isso, porém, é perfumaria. Não passa de um esclarecimento histórico.
Quanto ao termo "macaco", acredito o seguinte:
1. Ele tem caráter ofensivo.
2. Ele é diretamente relacionado à pele negra.
Por que digo isso? A personagem adotada pelo Internacional para representar a sua ligação com a comunidade negra foi o Saci. Macaco é um adjetivo pejorativo para designar negro, pois é subhumano, inferior. Assim é em todos os países do mundo. Tal adjetivo já deu cadeia aqui no Brasil.
Ora, se o objetivo fosse falar da negritude sem ofender, por que não chamam os colorados de "sacis"?
Sendo macaco um termo ofensivo, pejorativo, e diretamente relacionado à questão negra, ele não perde o seu caráter mesmo com a caduquice das ofensas racistas na sociedade em geral. Sobre chamar brancos de macacos, é a mesma coisa que elogiar negros dizendo que eles são de "alma branca". É racismo para elogiar e para ofender.
Luís,
Obrigado pelos comentários, mas não estou 100% certo de que leste o texto. A exceção do último parágrafo, tudo o que disseste repete o que já está no artigo!
Primeiro, eu citei que o Rio-Grandense era um clube de "mulatos": "Lúpi (Lupe) teria se tornado gremista por um episódio envolvendo o clube do seu pai - apenas de 'mulatos' (para ver como eram as sutilezas da época)...".
Segundo, eu disse que o "macaco" nascera com conotação pejorativa e se referia à cor da pele: "Claro que a origem do apelido é pejorativa... O "Macaco" possuía conotação 'racial'... alguns gremistas racistas e recalcados [...] tascaram o apelido de 'macaco' aos torcedores do Internacional...".
Terceiro, quanto a um possível racismo no Internacional, a questão se dá entre a fundação e a década de '20, não de 1950. Nunca se negou que a abertura no Colorado se deu antes que a do Grêmio. E, também, não afirmei que a questão do Rio-Grandense era racismo. Apenas cogitei isso. Pode não ser, mesmo. Assim como "macaco" pode parecer racismo mas, na grande maioria das vezes, não ser.
Por fim, o teu último parágrafo é incompreensível. Ninguém chama um "branco" de "macaco" porque ele torce para um clube de "negros", porque ele é um "branco" de "alma negra". Chama-se indistamente TODOS AQUELES QUE TORCEM para o Internacional; QUE NÃO É UM CLUBE DE "NEGROS", NEM DE "BRANCOS", NEM DE "VERDES COM BOLINHAS AMARELAS". É um popularíssimo clube de futebol, assim como também o é o Grêmio. Ao que parece, tu é quem não consegue tirar a "raça" da questão.
Um abraço.
Luís, eu me esqueci. Já fazemos alusão ao Saci. Afinal, vocês também são conhecidos como "Os Pernetas"...
UM FATO FALA POR SI SÓ:GREMIO O ÚLTIMO TIME NO BRASIL A ACEITAR NEGROS!O VASCO FOI O PRIMEIRO.
Anônimo, por favor, identifique-se e conte-nos algo que não está no texto.
Obrigado.
P.S.: E que seja relevante, pois o Vasco não pode ser assunto quando se fala de futebol gaúcho...
O nome dado à torcida organizada MA.CA.CO. vem de Massa Cachaceira Colorada. Sou gremista e tenho pele clara, e já fui discriminado por um colorado negro, que disse não gostar do Grêmio por "só ter branco"... Para "justificar" seu racismo, o colorado comentou ver seguidamente grandes concentrações de gremistas brancos nas imediações da Redenção.
ésta história de que colorado é macaco por que é negro não existe algums gremistas que querem ser malandro dis que é, mais pra quem vai em jogo de ambas parte grenal, sabe que macaco é por que alem do saçi como simbolo o macaco tbm é simbolo do colorado a camisa 12 tem gorila nas suas bandeiras e a popular tem cantos que fala que somos macacos então não delirem sipá tem mais gremistas negros do que colorados macaco é o simbolo da torcida colorada
gremistas sao racista sim..
mas eles naum esquecem q o internacional é um clube com uma boa educaça e naum lhes dao o apelido q mecem!!!
E qual seria, covarde?!
Polícia gaúcha prende torcedores neo-nazistas do Grêmio
Plantão | Publicada em 02/10/2007 às 22h22m
Jornal Nacional
RIO - A polícia gaúcha prendeu nesta terça-feira dois rapazes e procura um terceiro responsáveis pela agressão de um jovem a socos e facadas em Porto Alegre. Eles foram identificados como integrantes de um movimento neo-nazista.
No dia 16 de setembro, três jovens vestidos com camisetas do Grêmio atacaram Fábio Indrigo Jardim. Num site de relacionamentos na internet, a polícia encontrou provas que ligam o grupo a facções de torcedores do Grêmio, que se localizam atrás de um dos gols do Estádio Olímpico e fazem o movimento conhecido como avalanche quando o time marca um gol.
Os agressores vão responder por tentativa de homicídio e formação de quadrilha. Em nota oficial, o Grêmio declarou que se sente vítima destes maus torcedores e que disponibilizará todos os recursos para que as medidas legais sejam tomadas.
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