Tropa de Elite
Vi 'Tropa de Elite 2' ontem, e aproveitei para ler os comentários no blogue do Gaburah (editor do BlaBlaGol). Um ponto passou batido no debate lá. É impossível entender o TE2 sem o primeiro filme em mente. Os dois 'Tropa de Elite' são um filme só. Dito isso, eis o que achei.
Primeiro, ao se ouvir comentário de diretor e ator sobre suas próprias obras, é necessário ter na cabeça que eles NÃO SABEM o que fizeram. Uma obra de arte é resultado de um REGURGITAR emocional, sobre o qual o artista não faz idéia de tudo o que estava trancado. A obra vale por ela, e só por ela. No máximo, o comentário do autor serve de amparo ou ponto-de-partida; nada mais.
O meu maior medo com o TE2 era uma tentativa de o Padilha CONSERTAR o TE1. Fiquei com a impressão que ele tentou, mas não conseguiu. Se o Padilha colocou um defensor dos DD.HH. para fazer grau, falhou maravilhosamente. A primeira impressão de que ele é um sem-noção é a real. O fato de a narração do filme ser em 'flashback' dá a pista. O Ten-Cel Nascimento termina pensando sobre o professor-de-História-defensor-dos-Direitos-Humanos-que-vira-deputado o mesmo que no começo! E não pode ser diferente, porque ele é da laia daqueles com quem o Nascimento briga no primeiro filme.
E, mais, ele faz parte do sistema, ele também está atrás de voto. É expresso no filme: a CPI era a porta de entrada dele no Congresso Nacional. A oposição entre ele e o apresentador de TV é de grau, mas não de gênero. Ambos estão a favor e contra o herói do filme em parte.
Esse filme dá muito o que pensar. Ele é menos escancarado que o primeiro filme. Tudo é muito mais sutil, mas as questões estão lá. E as respostas são muito menos ‘preto’ ou ‘branco’. Vira tudo matizes de cinza; o que complica as coisas, mas deixa muito mais próximo da realidade.