O que dizer sobre o Gre-Nal senão que foi a melhor partida do Inter na temporada e a pior do Grêmio (se descartarmos Veranópolis).
I. As Causas da DerrotaDo lado gremista, Roth teve sua parte de responsabilidade, mas a derrota não passou só por ele. É fato que ele não viu que 3-6-1 gremista não servia para enfrentar o 4-3-1-2 colorado. Que o Inter não era o mesmo de Erechim, usw. Mas, o Gre-Nal foi muito além disso.
O Grêmio não perdeu só taticamente. Foi pior também tecnicamente. Não se pode colocar a culpa apenas no esquema, já que todos os jogadores sabiam como funcionava. Mas ao invés de termos um meio compacto, com constantes trocas de posições (como em Novo Hamburgo e Erechim), tivemos aquilo que se viu. Os jogadores corriam, mas cada um para um lado diferente. E com dois jogadores a mais no meio, não conseguíamos trocar três passes. Mesmo que o Roth tivesse acertado na escalação, não é de se duvidar que o desfecho seria semelhante. Os jogadores do Grêmio jogaram abaixo do que sabem. Podem nominar: Tcheco, Sousa, Ruy, Jadílson, Adílson, Alex, Jonas, Leo, usw. O time mudou o esquema por duas vezes e continuou pior que o Inter!
Mas não foi só pela tática e pela técnica. O Grêmio perdeu também psicologicamente. Os jogadores estavam transtornados. O time como um todo estava absurdamente ansioso. O Adílson, melhor jogador da quarta-feira, por exemplo, foi terrível. Bateu até na própria mãe. Deveria ter sido expulso meia hora ANTES; não, no último minuto. Houve muita reclamação, muito pontapé, muito erro de passe. Era como se do jogo dependesse a temporada, e os jogadores (e o técnico) acusaram o golpe.
E para completar, o time ainda perdeu na parte física. O Inter sobrou em campo, mesmo tendo jogado na quinta-feira.
Em um Gre-Nal entre dois times equivalentes (ainda acho isso), o Grêmio perdeu tática, técnica, psicológica e fisicamente. Um jogo para abalar toda e qualquer convicção de trabalho. Se o Grêmio não fizer tudo certo no decorrer das próximas semanas (e olhem que os dois próximos jogos da Libertadores são fora de casa), pode botar a temporada a perder.
II. E o Porvir?Foi uma derrota que expôs todas as fragilidades do grupo técnico e de jogadores de uma só vez. Faltou tudo no domingo. O Grêmio saiu do Beira-Rio com a impressão que não é time talhado para decisões, e Libertadores É SÓ DECISÃO. Restaurar a confiança é fundamental. Todos tem que ter consciência do vexame, porque haverá outros jogos decisivos, e uma outra atuação dessas será inadmissível.
Se fosse dirigente, o Gauchão, por enquanto, seria tratado como “águas passadas”. É fundamental que essa derrota seja posta de lado e permanceça apenas como “sinal de alerta”. É hora de dar suporte aos jogadores e à comissão técnica. É hora de mostrar que decisão se ganha com FUTEBOL e que é necessário CALMA nos momentos decisivos. O time tem bola para ser campeão; está na hora de também ter cabeça.
Por hora, recomendo a utilização de reservas no Estadual a partir de agora. Os titulares só voltariam a jogar pelo Gauchão quando não tivessem que viajar ou se não tivessem voltado de viagem. O que acontecerá contra o Caxias em 02/04 e se adiantassem a partida contra o São José para 19/03. Colocaria reservas, sem qualquer dúvida, contra Ypiranga, Santa Cruz, Sapucaiense, Ulbra, São Luiz e nas finais. Os titulares só jogariam uma eventual final de Gauchão. Isso é correr o risco de ver o Inter campeão gaúcho? Sim, mas temos que ter consciência que tivemos nossa chance na Primeira Taça e a jogamos fora. Abrir mão do Gauchão é ruim, mas nós mesmos nos colocamos nessa posição.
No mais, apenas torço para que a direção saiba tomar as decisões corretas nesse momento difícil.