segunda-feira, julho 30, 2007

Festa Iraquiana

Domingo passado, milhares de iraquianos festejaram a maior conquista da história do país. A seleção de futebol conquistou a Ásia, ao derrotar a Arábia Saudita por 1 a 0 na final. De quebra, o Iraque se classificou para a Copa das Confederações 2009 na África do Sul e fará companhia aos donos da casa, Itália, Brasil e Estados Unidos (!!), além dos, ainda a definir, campeões da África, Europa e Oceania.

O Diário Olé publicou uma foto em que três jovens carregam um cartaz com os dizeres "A Guerra não pôde matar o Futebol". Se lembrarmos que a família Hussein mandava e desmandava na federação de futebol, esta é a primeira grande vitória da nova nação.

Não deixa de ser um fio de esperança...

domingo, julho 29, 2007

País de Faz-de-Conta

Os senadores estão lá para quê, mesmo?!

Imperdível a leitura da matéria da Folha sobre a seção do Senado que aprovou a indicação do governo para os cargos de direção da ANAC. Vergonhoso...

Tchê, leiam, mas também recomendo cuidado. Ler jornal no Brasil faz mal à saúde...

34% do total de R$ pago em salário no Brasil vem da Administração Direta

Isso é sem contar as estatais. Infelizmente, a Agestado não trouxe dados incluindo a Administração Indireta. Mas, mesmo assim, a notícia traz alguns dados interessantes:

* Os gastos com salário e aposentadoria dos servidores públicos estão consumindo mais de 40% dos tributos pagos pelos brasileiros.

* Comparando com os dados do IBGE para o conjunto da economia, esse número mostra uma incrível realidade do País: de cada R$ 1 de salário formal pago no Brasil, cerca de R$ 0,34 provêm de um patrão da administração pública - prefeito, governador ou o presidente da República.

* Entre 2002 e 2006, o volume de impostos e contribuições recolhidos pelo poder público cresceu 70%, enquanto as despesas de pessoal avançaram 54,3%.

* Os empregados da administração pública, que já ganham duas vezes mais, tiveram aumento real de 19,57% no mesmo período - ou seja, quase 20% a mais do que a inflação.

* O rendimento médio dos empregados do setor privado com carteira assinada cresceu 0,5% acima da inflação, que foi de 37,7%, segundo o IBGE.

* Essa expansão nos gastos com pessoal é puxada pelo custo dos servidores ativos. Enquanto o gasto com servidores inativos cresceu 49,7% nos últimos quatro anos, o gasto com servidores ativos, que receberam reajustes maiores, aumentou 67,1%.

* Outro fator de aumento das despesas de pessoal, segundo o Tesouro, são as sentenças judiciais decorrentes de ações movidas por funcionários públicos, principalmente aqueles que recebem salários mais altos. Esse fenômeno tem chamado cada vez mais a atenção dos especialistas em finanças públicas, que passaram a identificar uma possível "fábrica" de sentenças judiciais em alguns nichos da administração pública - especialmente no Judiciário - para escapar dos limites da Lei Fiscal.

Para ler a íntegra clique aqui.

Esse é o relato de só mais um "câncer" que assola o país. O problema é que, politicamente, ninguém pode defender uma "quimioterapia" sob pena de perder a eleição. Todavia, não vejo escolha para a Direita, o dia em que o Brasil tiver uma. É começar a botar as verdades na mesa e apresentar soluções concretas para os problemas do Estado, mesmo que o resultado seja perda de votos no curto prazo.

Esta farra não durará para sempre. Quando a fórmula esgotar-se, se o trabalho da Oposição for bem feito, o eleitor brasileiro não só levará um choque de realidade, como identificará a solução em quem sempre o alertou das conseqüências. Esse será o momento da vitória nas urnas e das tão necessárias reformas.

Hoje, não tenho a menor esperança de que isso poderá ocorrer.

sexta-feira, julho 27, 2007

Esporte e Educação

Os americanos vêm aos Pan-Americanos com uma delegação formada por atletas, em sua maioria, de nível "B" e "C". Mesmo assim, dominam por completo o quadro de medalhas. A questão passa pela formação dos atletas.

O sistema americano "dói" de simples e óbvio. Enquanto os europeus tem como base esportiva os clubes, nos Estados Unidos, são as instituições de ensino. Esporte e Educação juntos! É brilhante...

Escolas buscam em qualquer lugar atletas capazes de melhorar suas equipes, enquanto jovens de classes mais baixas têm, no esporte, a oportunidade de estudar nas melhores escolas com bolsas fornecidas pelas próprias instituições. O resultado esportivo ainda resulta em recurso para que essas instituições aprimorem ensino e, no caso da universidade, pesquisa.

O sistema cubano, outra potência esportiva das Américas, diferentemente do americano, tem o problema de não ser auto-sustentável...

Acabou-se a espera...

Escolheram a nova versão do distintivo do Internacional!

domingo, julho 22, 2007

Não sei de onde tiraram a idéia...

... de que haverá duas vagas brasileiras para a Pré-Libertadores. Ora, se valer a regra do ano passado, os TRÊS primeiros do Brasileiro se juntarão ao Fluminense diretamente na Fase de Grupos e somente o quarto colocado irá para a repescagem.

A conta é simples. Argentina e Brasil têm cinco vagas; cada país restante (nove) tem três. Incluindo-se o campeão da edição anterior (quase!) , há 38 participantes. São 6 além dos 32 necessários para compor os oito grupos de quatro. Assim, disputam vaga à Fase de Grupos, 12 equipes. Como são 11 países, é uma por federeção nacional, a exceção daquela a que pertence o campeão: a Argentina. Logo, O BRASIL, a exemplo dos demais países participantes, SÓ TERÁ UMA VAGA NA PRÉ-LIBERTADORES.

Portanto, ignorem o que a imprensa tupiniquim vem divulgando...

Isto, sim, é "pensar grande"...

Se alguém tem dúvidas da superioridade do Boca na América do Sul, ou crê em "coincidência" ou "sorte", deixo matéria do Diário Olé de hoje. Apesar do pitoresco da idéia, o time portenho tende a crescer num mercado inscipiente. Como bem coloca Jorge Santana, o Boca quer ser da Primeira Divisão Mundial. Notem o profissionalismo do marketing boquense. Eles tem uma empresa que cuida exclusivamente do assunto, a "Boca Crece". Assim, por mais que a idéia abaixo não decole, o que interessa é que os xeneizes se mexem!
Quanto demorará par alguém fazer um estágio por lá?! Eu até preferiria que fosse no Barcelona ou no Arsenal, mas o Boca - conhevenha-se - é bem mais perto...

---

Boca U.S.
¿Se imaginan un Boca de EE.UU? En el 2008 puede ser una realidad. El club está buscando una franquicia para jugar en Nueva York o Miami. Preparate, Guille: vas de jugador, DT y presidente.
CLAUDIA VILLAPUN cvillapun@ole.com.ar
Boca juega en Phoenix, a 8.200 kilómetros de la Bombonera, metros más, metros menos, y los hinchas, con el correr de los días, se van multiplicando. Parece mentira, pero van saliendo desde abajo de las baldosas. Argentinos, medio argentinos y extranjeros se van sumando al furor que genera Boca en el mundo. Hay peñas en muchos lugares, alrededor del Globo. Hay amigos que se juntan a ver los partidos cada domingo o miércoles, sin importar la diferencia horaria de cualquiera de las dos costas de Norteamérica. Hay miles de páginas de internet, una compañía de taxis, programas de televisión exclusivos (y tuvo también su canal, que llegó hasta aquí), un cementerio, el museo... Hay merchandising, que se consigue hasta por estos pagos, y el equipo volvió después de un tiempo a estas tierras para jugar amistosos, pero nada parece alcanzar. ¿Y si mejor tiene su propio equipo? Y sí. El Boca Juniors US está en marcha. ¿Se traerán hasta acá la mismísima Bombonera?"
Todo surgió por un estudio de mercado que estuvimos haciendo para seguir instalando la marca Boca en el mundo. Como resultado, obtuvimos que los lugares a explotar son Sudamérica, Centroamérica y los Estados Unidos, más precisamente Nueva York, Miami, Los Angeles y Arizona", explica Orlando Salvestrini, encargado de Boca Crece y de todo el marketing boquense. El hombre de los negocios llegó aquí tres días después que el plantel, para aprovechar el boom que David Beckham provocó en Los Angeles, distante cinco horas, tras su presentación en Los Angeles Galaxy. "Los dirigentes de la Major League están aprovechando este impacto y nosotros estamos acá para hablar sobre eso", dice el directivo. Hay tres plazas de la liga americana que se sumarán a los 13 equipos que ya compiten. Pero para obtener su franquicia, Boca no debería gastar un centavo: las charlas con los inversores ya están avanzadas y en cuanto terminen de hacer sus propios estudios de la situación, se sentarán con los tres dueños que tienen todas las franquicias de la MLS para cerrar el trato y lanzar el equipo de Boca para el torneo del 2008. "Está todo muy encaminado. Y yo creo que va a ser muy bueno. Además, Boca no deberá poner dinero", confirma Salvestrini. No sólo eso. Por prestar el nombre Boca, el club se quedará con un porcentaje que va del 10 al 20% del capital del club.
Además, habría intercambio de jugadores (un buen lugar para chicos de Inferiores) y entrenadores. ¿Y quién será el embajador? El mejor de todos: Guillermo Barros Schelotto. "Yo hablé ayer con él, está muy entusiasmado con el proyecto. Creo que si esto lo hubiésemos hecho antes, en lugar de estar en el Columbus Crew, él estaría jugando en Boca US", dice Salvestrini. Y continúa: "La gente de su equipo está muy sorprendida, porque dicen que en cada lugar que visitan hay al menos 50 camisetas de Boca. El otro día fueron a Denver, en el medio de las montañas, y salían hinchas de todos lados gritando: ''Guilleeermo, Guilleeermo''", continúa Orlando.Para cerrar el paquete, y como la ciudad elegida sería Nueva York, que ya tiene a los Red Bulls (en realidad juegan en Nueva Jersey, cruzando el río desde la Gran Manzana), habría que construir un estadio para no más de 15 ó 20.000 personas. Una Bombonerita. ¿O aquí será The Box of Chocolates?

sábado, julho 21, 2007

Que Fase!

Incêndio de grandes proporções atinge shopping em Porto Alegre
Fogo teria iniciado em uma loja de brinquedos

O Corpo de Bombeiros está tentando controlar um incêndio de grandes proporções no Shopping Total, no Bairro Floresta, em Porto Alegre. O fogo teve início na loja de brinquedos Casa França, localizada no segundo andar do prédio. O shopping já estava fechado e o cinema foi evacuado. Não há notícias sobre feridos. O shopping tem cerca de 400 lojas.



Segundo a Rádio Gaúcha, parte do segundo andar estaria destruída. O fogo provocou rachaduras na estrutura. Uma parede ruiu. As chamas teriam mais de cinco metros de altura e já teriam chegado ao terceiro andar. O recém-inaugurado Museu do Esporte e os estabelecimentos da área externa do shopping estão intactos.

Há muitos curiosos no local acompanhando o trabalho dos bombeiros. Segundo o coronel Mendes, da Polícia Militar, não há informações sobre pessoas no interior do prédio.

A Avenida Cristóvão Colombo está bloqueado no sentido centro–bairro, mas está liberado na direção contrária. O shopping foi isolado pelos bombeiros e pela Polícia Militar. O coordenador da Defesa Civil, coronel Sidnei, pediu que os cidadãos não se dirijam ao local.

Conforme a Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC), motoristas devem evitar as Avenidas Cristóvão Colombo, Independência, e as ruas Santo Antônio e Ramiro Barcelos. Moradores e lojistas ainda não têm acesso à região.

Uma mulher muito nervosa discutiu com policiais militares e foi detida por desacato à autoridade. Um prédio residencial vizinho ao shopping foi evacuado por medida de segurança.

sexta-feira, julho 20, 2007

Sobre o incidente de terça-feira


Editorial de "Folha de São Paulo"

Quinta-feira, 19 de julho de 2.007


Está para ser esclarecida a causa do maior acidente da aviação brasileira. É preciso esperar até que sejam concluídas as investigações, necessariamente complexas. Mas algumas conexões entre a tragédia -a segunda em dez meses- e o descalabro que tomou conta do setor aéreo nacional já podem ser estabelecidas.

O Executivo federal não está em condições de apresentar-se diante do desastre com o vôo 3054 na posição de quem tenha tomado todas as medidas para maximizar a segurança em Congonhas. Acidentes acontecem, mas a pista do aeroporto de maior tráfego do país só foi reformada agora -o governo preferiu investir antes no conforto e na cosmética do terminal.

Acidentes acontecem, mas a Infraero cometeu a imprudência de liberar pousos e decolagens no asfalto novo antes de ele ser tratado com os sulcos ("grooving", ranhura em inglês) destinados a facilitar o escoamento da água e melhorar a frenagem. Um dia após uma derrapagem e sob chuva, mantiveram-se as operações com a pista escorregadia.

Acidentes acontecem, mas o Executivo permitiu o inchaço de Congonhas, atendendo a conveniências comerciais das companhias aéreas -e à incapacidade do próprio governo de viabilizar investimentos para desafogar o tráfego crescente de aviões. A Anac, agência do setor, tem se portado como uma extensão dos interesses das empresas.

Incompetência, imprudência, tragédia. A despeito das causas do acidente com o Airbus A-320 da TAM, o desastre potencializa a crise da aviação civil, escancara a precariedade do transporte aéreo brasileiro e torna ainda mais urgente uma redefinição ambiciosa e profunda do sistema.

É inacreditável que reiteradas demonstrações de inépcia, ao longo de dez meses de crise, não tenham rendido nenhuma demissão no alto escalão do governo Lula. O descalabro aéreo necessita ser tratado com a seriedade técnica e a prioridade política que o tema exige. No emaranhado burocrático atual, ações conseqüentes -como a que enfim enquadrou a sublevação dos controladores militares- custam a acontecer.

Enquanto as decisões se arrastam em Brasília, o tráfego aéreo doméstico de passageiros cresce à média anual de 13% há quatro anos. Nesse ritmo, o volume de usuários dobra a cada seis anos. Se a estrutura de aeroportos e de controle de vôo exibe reiterados sinais de esgotamento hoje, que dirá daqui a um ou dois anos.

É preciso deslanchar já um programa de grandes investimentos que contemple, entre outros itens, a construção do terceiro terminal de Guarulhos e de um novo aeroporto na região metropolitana de São Paulo. O trágico acidente de anteontem evidencia que Congonhas precisará deixar de operar, em prazo visível, com vôos comerciais de média e grande escala.

O aeroporto central de São Paulo -com duas pistas curtas, elevadas, sem área de escape e incrustadas numa zona densamente povoada- transforma a menor falha numa tragédia em potencial. Desde já, a Anac precisa impor às companhias aéreas uma redistribuição de seus vôos para os aeroportos de Guarulhos e Viracopos (Campinas), ainda que essa providência implique, na prática, restrição na oferta de vôos a usuários da capital.

Outro passo necessário e emergencial para desafogar o tráfego aéreo na metrópole paulista é transferir pontos de conexão de viagens. Passageiros, por exemplo, que saem de Curitiba com destino a Belém não precisam fazer a troca de aviões na capital. A concentração em Congonhas dessas operações -bem como a permissão para partidas de vôos charter de suas pistas- é mais uma concessão feita pelas autoridades às conveniências comerciais das empresas.

Se tem faltado poder de regulação do Estado onde ele é mais necessário -no planejamento do setor e na imposição do interesse público às companhias aéreas-, sobra arcaísmo burocrático e ideológico quando se trata de alavancar os investimentos na infra-estrutura aeroportuária. O governo federal, como fartamente documentado, não teve fôlego financeiro para acompanhar as necessidades de gastos crescentes com o transporte aéreo.

As taxas aeroportuárias pagas pelos passageiros não redundaram na expansão nem na modernização do sistema no ritmo que seria adequado. O problema, no entanto, não foi o governo ter deixado de fazer tais investimentos com recursos próprios, a fim de cumprir metas de saneamento fiscal. A falta mais grave foi não ter permitido que outros agentes tomassem a iniciativa.

A construção de um aeroporto novo na Grande São Paulo poderia ser a contrapartida da concessão de Viracopos à iniciativa privada, por exemplo. Operação análoga em Cumbica poderia render a construção de seu terceiro terminal e a aquisição dos aparelhos mais atualizados para operar com segurança até sob a mais densa neblina.

Outros investimentos necessários para o setor -como os trens rápidos ligando terminais distantes a grandes centros- seriam passíveis de ser realizados na base das privatizações e das PPPs (parcerias público-privadas).Mas, imobilizado, incompetente e confuso, o governo Lula nada fez. Para que as mortes não tenham sido de todo em vão, que o acidente de Congonhas ao menos sirva para compelir a uma profunda mudança de atitude.




Editorial de "O Estado de São Paulo"

Quinta-feira, 19 de julho de 2.007


Desastres de aviação, dizem os especialistas, sempre têm mais de uma causa. Com a tragédia do Airbus da TAM não é diferente. As causas são a incompetência, desídia, leviandade, ganância e corrupção presentes no sistema de transporte aéreo brasileiro. Perto desses fatores estruturais, eventuais falhas técnicas, ou do piloto, na origem da catástrofe de anteontem em Congonhas são dados acessórios. Essencial é o descalabro que permite o funcionamento a plena carga do maior aeroporto brasileiro numa área já abarcada pelo centro ampliado de São Paulo; a recusa das companhias aéreas em reduzir as suas operações ali, ou ao menos desconcentrá-las dos horários de pico; a submissão cúmplice da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aos interesses das empresas que dominam o setor; a calamidade administrativa, a politicagem e a fraude endêmica na Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).

Tudo isso sob os olhos - e a responsabilidade objetiva - de um governo cujo presidente só quer ouvir o som da própria voz e continua a repetir hoje o que, horas antes do terrível acidente, admitiu fazer no passado - “a quantidade de coisas que eu falei e falava porque era moda falar, mas que não tinha substância para sustentar na hora em que você pega no concreto”. E que traça ele próprio o retrato acabado de sua gestão ao confessar que “em determinados cargos (...) a gente faz quando pode e, se não pode, deixa como está para ver como é que fica”. No dia 29 de setembro do ano passado, 154 pessoas morreram no que foi, até às 18 horas e 45 minutos de anteontem, o maior desastre aéreo da história brasileira. Desde os 154 mortos da tragédia da Gol até as duas centenas de mortes desta terça-feira, descontado o palavrório entorpecedor de todos quantos têm parte com os problemas da aviação comercial no País - e com as possíveis soluções para eles -, continuou-se na estaca zero em matéria de “pegar no concreto” para melhorar os padrões de segurança de vôo no território. Para todos os efeitos práticos, “deixou-se como está para ver como é que fica”.

Nesse quadro de falência dos poderes públicos e de voracidade de interesses privados, Congonhas - sem as chamas, os corpos e os destroços - é a síntese das incompetências e irresponsabilidades que marcam a administração pública brasileira. Em abril de 2005, um brigadeiro, Edilberto Teles Sirotheau Corrêa, denunciou a “obsessiva prioridade” dada pela Infraero “às obras que proporcionam ‘visibilidade’, em detrimento das necessidades operacionais”. De fato, gastaram-se R$ 350 milhões para modernizar esse shopping center no qual se transformou o terminal do aeroporto que, já em 2005, registrava 228 mil pousos e decolagens, 33 mil a mais do que o desejável pelos critérios internacionais. Em janeiro último, o Ministério Público Federal pediu à Justiça a interdição da pista principal de Congonhas. No mês seguinte, um juiz federal proibiu aviões de grande porte, como Boeings e Airbuses, de operar no aeroporto enquanto os problemas da pista não fossem sanados. Uma instância superior invalidou a decisão, considerando-a drástica demais e fonte de impactos econômicos negativos.

Enfim, ao custo de R$ 19,9 milhões, a Infraero contratou o conserto da pista - e a liberou escandalosamente antes de nela serem acrescentadas as ranhuras transversais que asseguram o escoamento da água das chuvas e aumentam a aderência dos pneus dos aviões ao solo, facilitando a freada e reduzindo o risco de derrapadas como a que, na segunda-feira, arrastou por 150 metros, até o gramado próximo, um turboélice com uma vintena de pessoas a bordo, muito mais manejável do que um Airbus capaz de levar cerca de 180 pessoas. (Outro episódio, negado pela TAM, foi a arremetida, também na segunda-feira, de um aparelho da companhia, cujo comandante desistiu do pouso no último momento devido ao alagamento da pista.) As obras do grooving só poderiam começar na próxima quarta-feira. Pode ser que tenha contribuído para a tragédia do vôo 3054 um erro na manobra de pouso ou uma pane no sistema de freios do Airbus. Mas é certo que o desfecho seria outro se a pista tivesse plenas condições de segurança. Não as tinha e ainda assim era usada, em última análise, por incompetência, desídia, leviandade, ganância e corrupção.

quarta-feira, julho 18, 2007

Tiefschwarz de Luto

Deixo minhas condolências ao amigo Eduardo Amoretty Souza pelo falecimento de seu pai, Paulo Rogério, no acidente ocorrido em Congonhas com o vôo JJ 3054 da TAM.

Terça-feira à noite, confesso, torci por uma vitória do Internacional sobre o Corinthians. Esqueci as desavenças clubísticas - e folclóricas - em nome de uma amizade que já dura 14 anos. Já havia feito isso antes, quando não sequei o Internacional por dois anos, durante o mandato do Amoretty na presidência.
Conheci o Eduardo, a quem todos tratamos por "Aranha", quando ainda cursava a sétima série do Colégio Farroupilha. Desde então, através da amizade com o Eduardo, tive a oportunidade de frenqüentar a casa do "tio" Paulo por inúmeras e diversas oportunidades; onde sempre fui muito bem recebido.
A visão que fico do "tio" é de alguém apaixonado. Afinal, só alguém embebido em paixão poderia colocar-se diante de um trator da Prefeitura para proteger - com seu próprio corpo - o patrimônio do Internacional. E como se fosse só por isso! Eu o vi reunido até às 3h da manhã de domingo buscando a liberação de um atleta do time de futsal colorado para a final do Estadual que ocorreria naquele mesmo dia. E como se fosse só pelo clube! Paulo Rogério foi auditor da Federação Gaúcha de Automobilismo e estava sempre disposto para analisar e julgar TODOS os casos que chegavam na F.G.A., mesmo que fosse um recurso contra a homologação do resultado de uma etapa do campeonato serrano de kart.
Não consigo sequer imaginar o tamanho da dor que sentem o Eduardo, o Marcelo e a "tia" Góia. Gostaria de poder dar-lhes algo mais que o meu abraço. Deixo o que me é possível: o meu registro pela inestimável perda.
Aranha, podes contar comigo para o que precisares.

Um forte abraço,
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene

segunda-feira, julho 16, 2007

Brasil venceu à Grêmio

A maior diferença entre o Grêmio e a Seleção, é que o time do Dunga soube parar Riquelme.
Eu quase acertei, mas Dunga é melhor do que eu nesse tal de futebol, conhece os jogadores que tem e fez muito mais do que eu imaginei fosse possível.
No fim, na segunda final americana da temporada, o time azul-amarelo venceu o celeste-preto-branco.
Apesar de colorado, montou um time inspirado na escola "Imortal": forte na defesa, pressão em meia-cancha e saídas rápidas no contra-ataque. Matou o toque argentino com desarmes ou faltas táticas. Deu a bola aos platinos, mas sempre teve o controle do jogo. Lembrou muito do jogo Grêmio-Santos no Olímpico?!
Tchê, para mim, futebol bonito é isso.
OBRIGADO, DUNGA! Mais uma vez...

quinta-feira, julho 12, 2007

Copa América - Final: Brasil x Argentina

E a final será àquela sonhada por todos. Não há jogo entre países comparável a um Brasil-Argentina. Seguramente há no mundo rivalidades maiores, com mais história, que ultrapassam o limite do futebol; mas nenhum equipara-se dentro das quatro linhas a esta!

A Argentina chega a este jogo com o Brasil atravessado. Afinal perdeu: a final da última Copa América para os reservas canarinhos; a final da última Copa das Confederações por 4 a 1; e o último jogo entre as duas equipes por 3-0, na estréia do atual treinador. Mas chega também embalada pela campanha e pelo futebol apresentado. É franca favorita diante de um adversário titubeante, que ainda precisa encontrar seu melhor jogo e carente de duas das suas principais peças.

A ARGENTINA

Todos falam do ataque argentino - que perdeu Crespo, lesionado -, mas olvidam-se de sua força defensiva. A Argentina tomou apenas três gols em cinco jogos e o último deles, ainda na primeira fase, quando já tinha o jogo decidido.

A verdade é que esse time da Argentina marca como poucos. Joga com quatro zagueiros que sobem só nas bolas paradas e um cabeça-de-área - Mascherano - à frente deles. Sem contar que Cambiaso e Verón, quando os platinos não têm a bola, fecham o meio. Nesses momentos, eles se defendem com, no mínimo, SETE jogadores! E, nada de ficar recuado. Eles marcam pressão em meio campo, buscando tomar a bola e ligar rapidante o letal trio ofensivo: Riquelme, Messi e Tevez (D. Milito).

E isso fica ainda pior quando eles têm a bola! Assim que conseguem a vantagem no placar, os argentinos "matam" a partida. O segredo é que eles não atacam quanto possuem o controle da pelota, eles SE DEFENDEM! O adversário está lá, atrás no marcador e necessitando buscar o resultado, e os argentinos A TOCAR e A TOCAR e A TOCAR...

Só sai jogo QUANDO ELES QUEREM! E assim, nasceram as goleadas contra Estados Unidos, Colômbia, Peru e México. A única vitória magra foi contra o Paraguai, quando pouparam os titulares.

É um time praticamente sem pontos fracos, coletivamente falando. Defende e ataca muito bem. Gosta por demasiado da bola e, talvez, por aí, possa estar a chave para um triunfo brasileiro.

O BRASIL

Dunga tem a Argentina como seu modelo de seleção. Ele busca implantar no Brasil um sistema de jogo similar ao do seu adversário. Teoricamente, a idéia de Dunga é boa. Na prática, o resultado tem ficado um pouco abaixo do satisfatório. Algumas peculiaridades impedem que a cópia seja total, devendo o time adaptar-se àlgumas circunstâncias.

Uma delas é que lateral brasileiro deixou de ser zagueiro a muito tempo. Time brasileiro joga com quatro linhas de dois (dois zagueiros, dois cabeças-de-área, dois meias e dois atacantes) pelo meio e conta com dois "malucos" que cobrem as laterais do campo, subindo e descendo por 90 minutos. Aliás, é desumano ser lateral no Brasil!

É por isso que ao montar a meia-cancha à argentina, Dunga optou por volantes mais defensivos em vez de colocar jogadores similares a Cambiaso e Verón. Ele conta com as subidas do Gilberto e do Maycon para auxiliar o ataque. Isso é algo que Zanetti e Heinze, os laterais adversários, não fazem. NUNCA.

Gilberto Silva joga de cabeça-de-área, quase com um terceiro central. Ele está fora da final e ainda não se sabe quem entra em seu lugar, mas deve ser Fernando. À frente dele, fica a dupla de volantes do São Paulo campeão do mundo: Mineiro e Josué. Ambos estão acostumados a jogar assim no Tricolor Paulista, mas não conseguriam jogar na Seleção como faziam no clube. Como "enganche", como meia-de-ligação, tem-se Júlio Batista. Júlio é o responsável pelo começo do ataque. Se tudo correr bem, a bola passará muito pelo pé dele durante o jogo. Para que funcione, sugiro que Júlio, da escola são-paulina, tenha de ser visto pelos volantes como um clone do Danilo! A idéia inicial era usar Diego, mas ele - assim como o seu reserva imediato, Ânderson - jogou muito mal na posição do Riquelme e foi para o banco.

Na frente, com a missão de fazer os gols: Robinho - o nosso Messi -; e Vágner. Vágner, de baixo rendimento na Copa, tem o trabalho de atrapalhar os defensores e guardar umas bolas no gol quando sobrarem para ele. Já Robinho é o jogador de movimentação, para cair pelos lados do campo ou aproximar-se do centro-avante. É o criador das jogadas; é quem abre espaços para os que chegam de trás; é a referência. É o melhor do time. É o artilheiro da competição. É a esperança brasileira.

O JOGO

Quando o Brasil tiver a bola:

A Argentina se colocará com sete jogadores atrás da linha da bola. Será formada duas linhas defensivas: a primeira - mais adiantada - com três jogadores (Verón, Mascherano e Cambiaso); a segunda com quatro (Zanetti, Ayala, G. Milito e Heinze). Os três volantes pressionarão para a pronta recuperação da pelota. Essa tomada e uma saída para o ataque em velocidade, são duas das pricipais armas platinas.

O Brasil deve atacar com cinco jogadores: um dos laterais, um dos volantes, J. Batista, Robinho e Vágner. O melhor seria que o outro lateral também avançasse, deixando apenas quatro a marcar Riquelme, Messi e Tevez. Mas creio que Dunga não esteja disposto a dar tanto espaço ao contra-ataque argentino. Isso facilitará o trabalho da defesa adversária.

Robinho deverá colocar-se ENTRE as linhas para receber a bola em condições de fazer alguma jogada e Vágner se plantará entre os dois centrais argentinos esperando que a bola sobre. De vez em quando, o centro-avante chegará na ponta-direita para auxiliar a subida de Maycon. Quando isso ocorrer, J. Batista chega na área para assumir a função. Robinho faz esse trabalho na esquerda com Gilberto. O Brasil cruza muito a bola na área na esperança de uma cabeçada, de uma falha da defesa ou de conseguir o rebote.

Não existe o costume de chutar de longe, a não ser em bolas paradas. O Brasil não tem bons batedores de falta, mas Alex chuta muito forte.

Em suma, para vencer, o Brasil terá que se movimentar muito e terá que tocar a bola de forma que possa produzir uma brecha na defesa argentina. A chegada de trás dos volantes deverá ser constante para dar opção de passe sob pena do ataque sucumbir à pressão argentina.

A vantagem no enfrentamento é argentina - principalmente se Dunga segurar um dos laterais -, mas é pequena.

Quando a Argentina tiver a bola:

Esta será a tônica da partida. Como se viu acima, o Brasil terá dificuldades em manter a bola consigo. A opção deverá ser entregá-la ao oponente e especular em contra-ataques.

O Brasil colocará oito jogadores atrás da linha da bola. Haverá uma linha de 4 próxima ao goleiro Doni, com Maycon, Alex, Juan e Gilberto, uma linha de três logo à frente dessa, com Mineiro, Fernando e Josué, e J. Batista pressionará o argentino com a bola pelo centro. No ataque, contra os quatro zagueiros da Argentina, ficarão Robinho e Vágner.

A Argentina formará dois triângulos, cujas bases estarão apontadas para o gol brasileiro. O mais ofensivo terá Messi (direita) e Tevez (esquerda) à frente e Riquelme atrás, mais centralizado. O mais recuado terá Verón (direita) e Cambiaso (esquerda) à frente e Mascherano atrás, mais centralizado. A bola circulará pelo meio-de-campo argentino enquento Messi e Tevez se movimentarão de um lado a para outro buscando abrir espaço. Se e enquanto não abrir, os argentinos seguirão tocando. Ao abrir, qualquer um dos seis poderá ingressar nesse espaço e prontamente a bola será lançada a ele.

Dificilmente cruzará bolas na área. Sem Crespo, não tem bons cabeceadores e seus atacantes perdem em altura e vigor físico para os centrais brasileiros.

A Argentina, a exemplo do Brasil, pouco chuta de fora da área. Mas possui bons cobradores de falta - pricipalmente, Riquelme - e um vasto repertório de jogadas ensaiadas que podem decidir o jogo em seu favor.

Novamente, a vantagem é argentina. Mais uma vez, é pequena.

Assim, não se iludam com a superioridade argentina. Esse jogo está em aberto!

Domingo, 18h. Imperdível!

quarta-feira, julho 11, 2007

Bird diz que corrupção é a pior em 10 anos

Essa é manchete de uma nota(!?) de hoje em Zero Hora. Eis a íntegra:

O nível de corrupção no Brasil é o pior em 10 anos, segundo relatório anual do Banco Mundial (Bird). De acordo com o levantamento, o país está em nível inferior ao que se encontrava quando a entidade começou a fazer esse estudo, em 1996. As melhoras observadas entre 1998 e 2000 (segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso) e 2002 e 2003 (eleição e primeiro ano de mandato de Lula) foram anuladas pelos resultados dos últimos três anos.

Antes que culpem o Congresso Nacional, peço que lembrem da pequena renovação nas casas a cada eleição. Os deputados e senadores são praticamente os mesmos nessa última década.

Tampouco pode-se creditar o aumento no nível de corrupção a um suposto combate que teria aumentado a percepção de corrupção por parte da população. Tal sentimento é desconsiderado pela análise do Banco Mundial.

Apesar de crer que nossas instituições favoreçam a existência de corrupção, a questão é comparativa. A corrupção vem aumentando no últimos anos.

A única conclusão possível é que o problema está em quem governa...

P.S.: Cá para nós, e isso é notícia para merecer uma mera nota?! Isso deveria ser manchete de jornal, matéria de editorial e reportagem de várias páginas com estudos e debates sobre o tema.

terça-feira, julho 10, 2007

Nevou em Buenos Aires!

É a primeira vez desde mil, novecentos "y éramos ricos"!



A foto é da Praça de Maio ontem à noite. Ei-la em 1918: