Relato de M. H. Netto sobre o ocorrido na FIERGS em cerimônia de lançamento do PAC:
O clima era de guerra. Embora não fossemos suficientemente ingênuos, a ponto de acharmos que seríamos bem recebidos, uma série de grupos e de demais cidadãos se reuniram na frente a FIERGS. Conclamados por uma troca incessante de e-mails a fim de, aproveitando a visita do presidente, protestar contra a imoralidade desse governo. Não havia uma só bandeira de partido, era de fato uma reunião de muitos que queriam gritar um pouco e extravasar a indignação que está trancada nos "corações e mentes".
Mas fomos ingênuos suficientes para menosprezar a sanha totalitária e fascistóide da gestapo petista, supondo que a Brigada Militar ou mesmo a FIERGS nos reservaria um espaço para a manifestação.
Éramos inicialmente cerca de vinte pessoas, mulheres e senhoras na sua maioria, reunidos em torno do carro de som que havia sido providenciado por um dos grupos. Imediatamente fomos cercados por leões-de-chácara do sindicato dos metalúrgicos, estudantes da UFRGS e outros enrolados na bandeira do PT, que iniciaram uma intimidação covarde e agressiva. Avançando sobre nós e arrancando os materiais que portávamos.
Um empurra-empura entre jovens e raivosos contra corajosas mulheres de aparente fragilidade. Nisso começaram apedrejar o nosso carro de som, quebrando uma das janelas e cobrindo-lhe de adesivos com a estrela do PT.
O empresário do carro de som, a fim de evitar maiores danos ao seu patrimônio e mesmo temendo por sua integridade, fez por bem abandonar o locar. E o nosso grupo, agora desfalcado por alguns que já não mais suportavam as agressões, foi se posicionar a cerca de 500 metros, em um espaço vazio próximo ao portão de serviço da FIERGS.
Não obstante, fomos seguidos e hostilizados de maneira acintosa e agressiva pelos petistas.
Os insistentes pedidos à Brigada Militar para que isolasse e garantisse um espaço para nós se mostraram inúteis. "Eles estão sobre via publica e não podemos fazer nada." Justificou um tenente que parecia estar no comando das operações.
Os repórteres que cobriam o lado de fora da FIERGS se mostravam solidários e escandalizados com a displicência com que a Policia Militar agia ante as cenas covardes. Nos deixaram jogados às feras.
O furor totalitário então se exacerbou. Fomos intimidados, empurrados jogados contra a pista sob os olhares complacentes da PM. Confesso que tive que buscar dentro de mim toda a tranqüilidade que me restava para não reagir violentamente contra os empurrões e as "mão na cara" que sofremos dos petralhas.
Cercados e escorraçados, nos refugiamos no outro lado da pista. De nada adiantou. A turba voltou a nos acuar, num show de intimidação e arrogância. O clima estava ficando carregadíssimo, quando fomos orientados pela Brigada Militar a deixar o local, alertados que não poderiam garantir nossa segurança. "Há uma série de ocorrências hoje na cidade e nosso efetivo aqui é pequeno" Isso depois que vários sofreram agressões das mais diversas formas, escoriações e luxações. Fomos escoltados até um posto de gasolina onde estavam nossos carros e, "por segurança", pediram para que tirássemos qualquer identificação e adesivos "hostis".
As bravas senhoras restantes, assim como eu e nosso pessoal então escapamos, enxotados como cães pestilentos. Ao melodioso som de "fora dondoca! Conheço a tua raça."
Nos telejornais da noite, a despeito do que viram e sentiram os repórteres, a versão era que houve "conflito entre 'familiares do acidente da TAM' e apoiadores do Presidente Lula".
Mentira! Ninguém estava ali como enlutado da TAM (como se deles toda exacerbação fosse compreensível). Todos estavam lá para vaiar Lula.
Resultado: meia dúzia de escoriações, cartazes e faixas "confiscadas", carros apedrejados, uma bolsa arrancada, muitos empurrões, muita mão-na-cara, xingamentos, cusparadas e uma baita sensação de que algo muito ruim está acontecendo com a democracia.